Odeio os comboios que passam de noite à minha janela…
Odeio!
Lembram-me todas as oportunidades que deixei passar,
que correram e fugiram de mim,
sem que pudesse correr para as apanhar…
Lembram-me todas as carruagens que não percorri,
os livros que nunca li, nas horas de viagem
não decorridas...
E lembram-me que sou eu mesmo uma encomenda esquecida
numa qualquer estação secundária,
apeadeiro perdido de uma aldeia onde já nenhum comboio pára.
E, como sempre, fica esta profunda e cruel tristeza
(hetero-imposta)
que é maior do que eu.
Pequenino, pequenino…
que em mim não cabe o meu coração.
Aqui jaz o Poeta Mórbido; à terra volta o seu corpo frio.
Num cemitério de um vilarejo qualquer
por onde passa um comboio de vez em quando
para acordar os mortos do seu sono tranquilo…
To be continued...
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