A Morte bateu-me à porta
e ficou-se por aquela esquina.
O vulto negro e brilhante
passou-se altivo e distante
e tentou arrancar-me à vida.
Não há porta que o segure
nem ferrolho que o afaste;
a aldraba não se cala
e a noite que não passa
não é tormento que lhe baste.
De manhã, pela janela,
o mundo olha-me lá de fora.
A rua por onde passa
quem já não espera por nada
e o vulto foi-se embora...
Mas o desejo vem de repente,
nas horas mortas do dia,
de abrir as portas de par em par,
deixar o Estranho entrar,
dar-lhe conversa e dormida...
Será talvez um pacto feito
com um estranho que nos avisa:
A cada um, a sua sorte;
cada qual com a sua morte.
Eu, com a minha, enquanto viva...
Fica o frio e a certeza
de que no escuro o vulto volta.
Misto de medo e letargia
e uma estranha nostalgia
de quando a Morte me bateu à porta.
O Poeta Mórbido
To be continued...
Porque devo alguma lealdade às 2,25 pessoas que lêem o meu blog, fica a explicação que O Manuscrito do Poeta Mórbido é uma pequena colecção de poemas que conta a história da Morte e depois da Vida do Poeta que é Mórbido. Primeiro poema está aqui.
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