Our House (in the middle of a street)

O nosso mundo não é como os outros nem os outros têm um mundo como o nosso.
Outros haverá que têm mundos mundos melhores que o nosso. Mas nós não queremos mundos melhores que o nosso! Para quê? Temos o nosso!
O nosso mundo tem ruas mais íngremes, é verdade. Escuras e estreitas, sem candeeiros que nos mostrem o caminho e onde a calçada é mais dura e rude, onde a subida custa mais.
Outros haverá que se cansariam a tentar subir as nossa ruas íngremes e sem luz. Mas o nosso mundo não cansa (não como nos cansa o mundo dos outros). As nossas ruas compensam-nos sempre com a excitação da subida.
O sol não brilha tantas vezes no nosso mundo como brilha no mundo dos outros, é um facto. Há poucos sítios para o sol entrar. Tem poucas janelas, o nosso mundo, mas só porque não as vemos. E os outros não sabem o que é uma tarde de sol passada nas esplanadas do nosso mundo.
O nosso mundo tem poucas portas. E nem sequer tem saída de emergência! Mas porque raio haveríamos nós de querer sair à pressa do nosso mundo?! Pois se a única certeza que temos é que, se o mundo dos outros nos magoar, podemos sempre voltar para o nosso. E se nos atrasarmos, ele espera sempre por nós...

Uma maneira complicada de dizer uma coisa muito simples: adoro as nossas tardes, desde a Praça do Município ao Chiado; uma visita ao nosso Fernando e os comentários inteligentes que fazemos às conversas das outras pessoas.