sexta-feira, 11 de abril de 2008

A Ovelha Negra


Morreu a 9 de Abril de 2008, no dia em que completava 79 anos, a fadista Flora Pereira. Foi "notícia de rodapé" na televisão portuguesa e em vários sites da internet, sites esses que também fazem um breve resumo da sua vida artística. Alguns blogs de amigos lembram a sua companhia. Eu não a conheci pessoalmente, apesar de ser família. A minha mãe ainda tem muitas histórias para contar da sua tia, como acredito que ainda tenham muitos que a conheceram. Este post está longe de ser a homenagem merecida, nem eu me sinto à altura de uma coisa dessa, limitada que estou por uma vida inteira de desconhecimento. Nem eu própria consigo definir a natureza ou a razão deste post. Mas considerem-no o relfexo de algo que fica: o reflexo das lembranças dos que a conheceram e o reflexo de toda uma vida e obra demasiado preenchidas para caber num post. Fica o paradoxo.

E fica também a letra de um fado que encontrei na internet, que já foi cantado pela própria Flora Pereira e o link para o registo áudio do Fado.


Chamaram-me ovelha negra

Chamaram-me ovelha negra
Por não aceitar a regra
De ser coisa em vez de ser

Rasguei o manto de mito
E pedi mais infinito
Na urgência de viver

Caminhei vales e rios
Passei fomes, passei frios
Bebi água dos meus olhos

Comi raízes de dor
Doeu-me o corpo de amor
Em leitos feitos escolhos

Cansei as mãos e os braços
Em negativos abraços
De que a alma esteve ausente

Do sangue das minhas veias
Ofereci taças bem cheias
Á sede de toda a gente

Arranquei com os meus dedos
Migalhas de grão, segredos
Da terra escassa de pão

Mas foi por mim que viveu
A alma que Deus me deu
Num corpo feito razão

1 comentário:

Di disse...

o sangue das ovelhas negras corre na familia.

*venia*