quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Ensaio sobre as dores do frio


Quando temos frio, encolhemo-nos. Enroscamo-nos numa posição nem sempre confortável na tentativa de não deixar escapar o nosso próprio calor corporal. Protegemos as mãos, os pés, a cara, o nariz e as orelhas, o topo da cabeça. Vestimos as nossas armaduras de lã, algodão e polyester e pomos um xaile aos ombros. E avançamos destemidos para o frio agreste do mundo lá fora. Ou ficamos cá dentro e aproximamo-nos das fontes de calor artificiais que temos ao nosso dispor.


As outras dores, o tempo e distância que as curem. Só tenho medo do vento frio que vem de lá de fora porque ele faz doer a cara e as mãos e porque me põe o nariz duro como um pedregulho. Dessas outras dores~, já não tenho tanto medo. Dessas, tal como do frio, protegemo-nos como podemos: encolhemo-nos e escolhemos as nossas armaduras. Inventamos fontes de aquecimento alternativas que nos trazem uma fugaz sensação de conforto vinda de origens localizáveis e apreciáveis pelo que são em si mesmas. E tentamos não deixar sair o pouco calor que ainda temos cá dentro.

1 comentário:

Pearl disse...

Genial... Permite-me que te aqueça os deditos com um "Adoro-te!".